Pessoas não-binárias e a alienação da diamoricidade

AC: discussão sobre invalidação de identidades cisdissidentes e heterodissidentes

Ressalvas

Existem dois problemas em tentar restringir os termos que outras pessoas usam:

  1. É impossível realmente proibir alguém de usar certa palavra. Por exemplo, não importa o quanto pessoas anticapacitistas continuem falando que é para parar de usar o conceito de inteligência tanto em geral quanto em relação a descrever suas atrações (1) (2) (3) (4) (5) (6), ou o quanto pessoas relatam experiências negativas com pessoas sápio que com certeza não aderem aos preceitos usados para defender a identidade, de que “só porque alguém diz sentir atração por inteligência, não significa que essas pessoas estão definindo inteligência de formas restritas” (1) (2) (3), a orientação sapiossexual provavelmente é uma das orientações não listadas explicitamente na sigla LGBTQIAPN+ mais discutidas e conhecidas.
  2. Cada pessoa tem uma experiência de vida (e jornada identitária) única, e, portanto, qualquer “regra imposta” não será universalmente aplicável. Por exemplo, se uma pessoa só diz que é transmasculina e agênero, que só sente atração por mulheres e que quer um termo que expresse sua orientação, eu dificilmente sugeriria lésbique como um termo aplicável; porém, eu não diria que uma pessoa que se descreve mais de forma similar a alguém que poderia se dizer librafemil do que como pessoa sem qualquer ligação com gênero e que tem décadas de experiências em comunidades lésbicas deveria parar de se dizer lésbica por não ter gênero e/ou não se dizer mulher.

Além disso, existe a questão de que, em geral, existem problemas maiores do que um termo que uma pessoa usa. Se uma pessoa usa um termo que acredito que compactua com discriminação, e não estou em uma posição onde faz sentido eu conversar com a pessoa sobre tal questão, posso só evitar tal pessoa e, no máximo, falar de forma geral sobre a questão. A mesma coisa acontece se alguém estiver usando um termo de uma forma que considero incorreta: como algumas pessoas aleatórias usam termos não muda como grupos existentes definem suas identidades, como diretórios onde pessoas caem ao pesquisar termos os definem, e por assim vai.

(Isso também significa que pode ser difícil mudar a ideia geral do que significa um termo, por bem ou por mal.)

Este texto tem o objetivo de levantar a possibilidade de queermisia internalizada resultar em pessoas preferindo termos com conotações binárias — geralmente hétero, gay e/ou lésbique — do que termos cunhados por e para pessoas não-binárias.

Ainda que o texto não seja contra o uso de mais de um entre os termos com os quais uma pessoa sente afinidade, acho fundamental apontar que minha posição não é a de atacar pessoas cisdissidentes por usar ou não usar determinados termos. Aqui está uma citação minha sobre o assunto, de janeiro deste ano:

Dito isso: eu nunca recomendo chegar em alguém que usa algum termo que possa parecer contraditório e falar que a pessoa tem alguma opressão internalizada por se chamar daquilo ou falar que a pessoa não deveria estar usando um dos termos por “não fazer sentido”. Como coloquei acima, há múltiplos fatores que podem levar alguém a se dizer tanto agênero como gay, e uma pessoa assim não tem a obrigação de usar mais termos para justificar tal escolha, assim como também está livre para acumular quantos termos quiser para especificar sua identidade.

Um mini glossário de termos que mencionam pessoas não-binárias

Minha intenção aqui é a de focar em termos que serão relevantes ao texto, além de fornecer alguns exemplos de que termos existem para pessoas não-binárias que não se encaixam bem nas orientações mais comuns disponíveis independentemente da identidade de gênero, como arromântique ou polissexual. Existem muites outres orientações e termos juvélicos disponíveis para pessoas de identidades de gênero diversas e para quem se atrai por elas, e tais termos não são menos importantes ou úteis por não estarem listados aqui.

Diamórique: Alguém não-binárie que se atrai por e/ou se relaciona com outras pessoas, mas que considera a própria identidade não-binária como relevante, da mesma forma que algumas orientações não mencionam simplesmente por quem se atraem mas também informam algo sobre a identidade de gênero da pessoa que sente a atração. Relacionamentos envolvendo pessoas não-binárias podem ser chamados de diamóricos independentemente das outras identidades de gênero envolvidas. Termos que envolvem atração de forma que inclui explicitamente a atração de pessoas não-binárias são ocasionalmente chamados de orientações diamóricas.

Méstrique: Descreve algume atração, orientação ou relacionamento que envolve ao menos uma pessoa não-binária. Ao contrário de diamórique, este termo também pode ser utilizado para descrever pessoas binárias que sentem atração por pessoas não-binárias.

Dórique: Alguém não-binárie que se atrai por e/ou se relaciona com homens, exclusivamente ou não. Um relacionamento entre alguém não-binárie e ume homem pode ser chamado de dórico.

Enebeane: Alguém não-binárie que se atrai por e/ou se relaciona com outras pessoas não-binárias, exclusivamente ou não. Um relacionamento entre duas pessoas não-binárias pode ser chamado de enebeano.

Trízique: Alguém não-binárie que se atrai por e/ou se relaciona com mulheres, exclusivamente ou não. Um relacionamento entre alguém não-binárie e ume mulher pode ser chamado de trízico.

Feminamórique: Alguém não-binárie que se atrai apenas por mulheres. O prefixo femina também pode ser usado de formas mais específicas, como feminarromântique para alguém que se atrai romanticamente apenas por mulheres ou feminassexual para alguém que se atrai sexualmente apenas por mulheres.

Viramórique: Alguém não-binárie que se atrai apenas por homens.

Tóren: Alguém (de qualquer identidade de gênero) que sente atração apenas por homens e por pessoas não-binárias. Não existem limitações em relação a quantas ou quais identidades não-binárias alguém tóren sente atração: uma pessoa atraída por todes menos mulheres bináries pode se dizer tóren, e uma pessoa atraída somente por homens e por homens não-bináries também. É possível usar o termo como prefixo, como em torensexual ou torenalternative.

Tríxen: Alguém (de qualquer identidade de gênero) que sente atração apenas por mulheres e por pessoas não-binárias. Não existem limitações em relação a quantas ou quais identidades não-binárias alguém tríxen sente atração: uma pessoa atraída por todes que não sejam homens pode se dizer tríxen, e uma pessoa atraída somente por mulheres, por pessoas gênero neutro e por pessoas entre tais gêneros também pode se dizer tríxen. É possível usar o termo como prefixo, como em trixensexual ou trixenalternative.

Apego à multidão

Se cada pessoa que desistisse de se dizer viramórica ou feminamórica porque “ninguém conhece esses termos” os adotasse e tomasse medidas para divulgar o que tais termos significam, poderíamos até ter, no mínimo, grupos de socialização para pessoas com tais identidades.

Porém, muita gente prefere o suposto conforto de usar termos considerando o gênero imposto ao nascer ao invés de suas verdadeiras identidades de gênero, ou preferem se definir em termos de serem “gays por homens” ou “lésbiques por mulheres” mesmo que não tenham nenhuma relação com os gêneros homem e mulher, respectivamente. Eu falo de um suposto conforto porque raramente vejo pessoas verdadeiramente satisfeitas em tais identidades ou comunidades: há diversos relatos de conflito dentro de um relacionamento com alguém cis da mesma orientação quando a pessoa não-binária quer afirmar sua cisdissidência por meio de um conjunto de linguagem pessoal diferente e/ou por ir atrás de hormônios ou cirurgias que mudarão seus corpos, ou de ter amizades/ir em encontros onde o grupo é de pessoas da mesma orientação e as pessoas fazem comentários excludentes contra a identidade da pessoa não-binária.

A questão não é que toda pessoa hétero, gay ou lésbica seja inerentemente despreparada para lidar com pessoas não-binárias, ou que pessoas de alguma orientação específica vão inerentemente ser completamente inclusivas de todas as facetas da não-binaridade e da cisdissidência, mas sim que não só o argumento de uma pessoa ser “melhor entendida” ou “mais em contato com a realidade” por rejeitar quaisquer orientações incomuns é falho, como também a existência de espaços diamóricos poderia ter oferecido redes de apoio melhores para pessoas não-binárias buscando relacionamentos com mulheres ou homens do que espaços sáficos ou aquileanos, onde a não-binaridade é mais rara, mais apagada e nunca vai ser centralizada (sendo que, em até certo ponto, isto é compreensível).

Não quero apagar a questão de existirem pessoas não-binárias satisfeitas em enfatizar algum lado mulher e/ou homem de sua identidade acima da experiência não-binária: entendo que uma pessoa bigênero homem/mulher pode se sentir mais afirmada se dizendo lesboy do que feminamórica caso sinta atração apenas por mulheres, por exemplo. Também existem pessoas que, ainda que não tenham conexão com a binaridade, se sentem satisfeitas em comunidades associadas com mulheres ou com homens. Porém, que fique o convite: todas as pessoas fora do binário mulher/homem podem utilizar termos diamóricos (ainda que o termo “não-binárie” tenha a tendência de ser utilizado por questões práticas) e, quem sabe, ajudar a construir tais espaços, sem que isso precise significar um abandono dos termos utilizados ou espaços frequentados no presente.

Retórica reducionista

O outro problema que uma pessoa não-binária pode enfrentar é o exorsexismo que permeia vários espaços heterodissidentes. Estes podem ditar que os termos corretos a ser usados dependem de um “alinhamento de gênero” imposto por como a sociedade maldenomina cada pessoa, e que termos feitos por e para pessoas não-binárias são apenas fantasias problemáticas que validam a homomisia internalizada daquelus que não querem se dizer lésbiques ou gays e/ou a “invasão” de pessoas “(essencialmente) hétero” (ainda que pessoas não-binárias não sejam validadas na heteronorma).

E, se essas pessoas aceitam que pessoas não-binárias são não-binárias e não deveriam ser jogadas para termos definidos em torno da binaridade ou da ausência de atração, elas impõem que então quem é não-binárie é pan e só deve namorar quem é pan. Não pôli, ainda que seja um termo que implicita em sua definição a existência de mais de duas identidades de gênero; não bi, ainda que ativistas bi em geral reinvindiquem a possibilidade de atração por pessoas não-binárias; mas só pan, porque é como se só fosse possível reconhecer atração que envolve não-binaridade se ela existir independentemente da identidade de gênero.

(Pan não se limita a atração independente de gênero, mas é assim que o termo tende a ser percebido por quem quer forçá-lo em quem é ou que se atrai por gente não-binária. Caso alguém tenha interesse em saber a diferença entre bi, pan, pôli e outras orientações, este texto se aprofunda nisso.)

Também quero ressaltar o quão absurda é a proposição de que alguém é “só algo”: de que alguém fortitudiane é “só gay” ou de que uma pessoa heteroflexível é “só bi” ou “só hétero”. Nenhuma orientação precisa ser reduzida a só um termo: uma pessoa pode tanto usar o termo fortitudiane quanto os termos gay, medisso e enebeane. Uma pessoa hétero será também duárica, e, dependendo do resto de suas experiências, pode ser ante, julietiana, romérica, campiona ou afins.

Como falei neste vídeo sobre diversidade não-binária, só porque alguém prefere um termo, não significa que a pessoa está contra outros termos. Termos não são times em confronto, são descrições. Isso significa que alguém pode usar termos diferentes dependendo do contexto, ou usar vários termos de uma vez só para explicar facetas de sua identidade: por exemplo, ume mulher não-binárie atraíde por mulheres não-bináries e outres mulheres pode se dizer lésbique, feminaflexível, tríxen e/ou ogli, isso sem contar termos juvélicos como enlune, sáfique e equárique.

Porém, existe essa ridicularização de termos que são mais específicos, ou mesmo que oferecem possibilidades que pessoas binárias não gostam de considerar, como a questão de alguém poder se atrair pela não-binaridade de alguém e não pela expressão de gênero ou corporalidade.

Uma anedota sobre a percepção da não-binaridade em questões de atração em espaços online

Eu entendo que os espaços que passei foram limitados, e que talvez não exista relação entre estes eventos ou grande repercussão deles. Porém, minha perspectiva é que discussões online acontecendo onde há uma centralização grande de gente NHINCQ+, especialmente pessoas dentro de comunidades que ainda não eram/são tão descentralizadas, tendem a pesar nas produções feitas pela própria comunidade de formas que são capazes de afetar a comunidade como um todo, dentro de certa medida. Enfim:

No início da década de 2010, houve uma onda forte de transmedicalismo no Tumblr, onde quaisquer pessoas não-binárias ou homens/mulheres trans fora de certos padrões de gênero eram ridicularizades tanto por (em geral) homens trans brancos que acusavam essas pessoas de prejudicar a percepção das pessoas trans. Este era o ponto de contato mais perto de ser intracomunitário, porque obviamente também existiam mulheres cis se dizendo feministas que falavam sobre o quanto essas pessoas estavam se rendendo a acreditar em padrões de gênero e pessoas “contra justiça social” que mais pra frente se tornariam “alt-right” e fãs de influencers que flertam com pensamentos nazistas.

Nesta época, não haviam muitas discussões sobre as atrações de pessoas não-binárias. Possivelmente porque as (comparativamente) poucas pessoas não-binárias tinham a tendência de ser múlti e/ou a-espectrais: o termo cétero tinha sido cunhado, mas era majoritariamente teórico, ao mesmo tempo que alguns termos surgiram para incentivar outres a evitar a conotação dos prefixos gine e andro mas, novamente, geralmente não tinham uso suficiente para ser espalhados.

Embora o ódio contra pessoas não-binárias nunca tenha sumido completamente, falar sobre o mesmo assunto acaba sendo redundante até para grupos de ódio, os quais passaram a focar mais em pessoas múlti, e, eventualmente, foram desenvolvendo também argumentações nocivas contra pessoas assexuais, arromânticas, aplatônicas e variorientadas (geralmente focando em pessoas assexuais e demissexuais). O ódio geral contra pessoas bi tinha a tendência de vir de lésbicas cis, mas algumas pessoas trans, bi, pan e/ou não-binárias eventualmente compraram as argumentações quando o assunto passou a ser pessoas a-espectrais.

Estas argumentações, em geral, tinham a base em definir “LGBT” por meio de “atração pelo mesmo gênero” ou “pessoas que sofrem com homomisia ou transmisia”, com a inclusão de pessoas bi e trans muitas vezes sendo reduzida a consequências secundárias do ódio contra a atração pelo mesmo gênero. Também era esse o tipo de pessoa que dividia todas as pessoas não-binárias em alinhamentos binários com base em passabilidade para argumentar que gay, lésbique e bi eram as únicas orientações reais, com o resto “não sendo orientações” ou sendo caracterizadas como “apenas ódio internalizado causado por pessoas hétero confundindo adolescentes para invadir a comunidade” (no caso, pessoas oferencendo outros termos como opções).

Com isso, pessoas construindo solidariedade contra esses discursos de ódio (ou, em certos casos, querendo abrir portas para pessoas terem seu contato com ideologia reacionária de forma amigável) começaram a falar sobre homens que sentem atração por homens e mulheres que sentem atração por mulheres, fazendo blogs e comunidades em torno disso ao invés de orientações específicas. Pessoas não-binárias eram muitas vezes aceitas, mas apenas sob a ideia de que tais pessoas teriam alguma conexão com um desses gêneros, mesmo que de formas mais legítimas do que discurso reducionista da passabilidade.

Foi nesse contexto onde finalmente houve um empurrão mais forte para a cunhagem de diamórique e de termos específicos dentro da mesma ideologia: a de que pessoas não-binárias merecem a existência de termos que falam de identidades não-binárias de forma explícita. Essas discussões foram compartilhadas em palcos maiores do que cunhagens novas geralmente eram (ou hoje em dia são), de forma que ao menos alguns blogs foram criados a respeito desses assuntos.

Também surgiram vários outros termos menos espalhados, mas todos dentro deste contexto de descrever experiências não contempladas explicitamente por termos usados principalmente por pessoas binárias. E, enquanto isso, sempre houveram pessoas reacionárias reclamando sobre quaisquer termos “supérfluos” enquanto também criavam barreiras em torno de quem poderia se dizer o quê.

Com o passar do tempo, porém, algumas pessoas adultas com mais experiência em espaços NHINCQ+ começaram a bater de frente contra a ideia de que termos como femme, butch, lésbique e gay eram tão exclusivos quanto algumas pessoas afirmavam ser. Isso fez com que algumas pessoas começassem a se assumir como lésbiques/gays múlti, grupo que virou o alvo de ódio principal depois das pessoas a-espectrais.

Em 2020, dados do Gender Census apontam um pico - especialmente entre aquelus com menos de 30 anos - de pessoas fora do binário de gênero respondendo que são lésbiques, femme e/ou butch como identidades de gênero. Em 2021, tanto gay quanto lésbique em relação a identidade de gênero foram opções marcadas por algo entre 10% e 20% des respondentes, sendo gay mais popular ainda que tenha sido lésbique que causou a aparição de tal termo na lista em primeiro lugar.

Obviamente, tais dados não são sobre orientações, e sim sobre identidades de gênero. Mas não posso deixar de notar que tal onda ocorreu justamente quando houveram mais discussões online defendendo usos bem mais abrangentes de termos como lésbique e gay do que geralmente eram vistos há 10 anos atrás. E que tal onda também corresponde com o declínio de discussões sobre ser diamórique, enebeane, dórique ou trízique.

Minha intenção aqui não é a de acusar alguém ou algum grupo de prejudicar pessoas não-binárias por meio de defender enebês que se sentem confortáveis se colocando como lésbiques, gays, aquileanes, sáfiques ou afins. Porém, eu acredito que possa haver um meio termo entre os extremos de pessoas não-binárias só poderem existir completamente alheias a tais identidades e de redefinir atrações por mulheres ou homens dentro da comunidade não-binária como sempre inerentemente lésbicas ou gays.

Minhas sugestões para o futuro

(AC: segunda pessoa)

Normalização é importante. Ao fazer listas de ou gráficos sobre orientações e/ou termos juvélicos, é importante contemplar também termos que incluem a não-binaridade de forma explícita. Por que ainda tem gente tratando termos que centralizam os gêneros mulher e homem como fundamentais para o entendimento da heterodissidência, enquanto termos que mencionam a não-binaridade, mesmo que sejam abrangentes e/ou diretos, são vistos como nichados ou inúteis? Existem mais de duas identidades de gênero, e a grande maioria delas está sendo desconsiderada e desvalorizada em materiais supostamente inclusivos de qualquer forma de atração. Isso é exorsexismo.

Sente-se isolade em relacionamentos com pessoas binárias? Vá atrás de um grupo. É possível chamar pessoas em redes sociais ou grupos não-binários já existentes para participar de um grupo sobre ser diamórique/dórique/trízique. É possível perguntar sobre a existência de tais grupos. É possível levantar esse assunto dentro de grupos mais gerais para pessoas não-binárias.

Relatos são importantes. Tem algo a falar sobre experiências de atração por pessoas não-binárias? Você está se envolvendo com questões de atração e relacionamentos sendo uma pessoa não-binária? Você se assume como pessoa não-binária em espaços sáficos, aquileanos ou duáricos? Fale sobre suas experiências em um site ou blog, para que outras pessoas possam aprender sobre o assunto.

E, finalmente, não tenha medo de adotar termos adequados para determinada situação. Não há a necessidade de se abrir para todo mundo ou de adotar ativamente todos os termos que possam contemplar sua identidade, mas não faz sentido uma pessoa não-binária ter receio de se dizer viramórica em um espaço não-binário, ou não querer se afirmar como trízica ou dórica para não afastar pessoas binárias frágeis que podem se aterrorizar ao entrar em contato com algum termo que desconhecem. Sua identidade de gênero merece respeito, mesmo dentro (ou talvez especialmente dentro) de um relacionamento, e com isso podem vir particularidades como os termos que vão definir uma atração ou um relacionamento de forma mais precisa.