Como já coloquei em minha postagem sobre atração alternativa, me interessei pela ideia de que atrações (e, portanto, orientações) podem ser físicas ou emocionais.
Pelo que eu entendi, seria o seguinte:
Atrações físicas seriam as que são relacionadas com aparência e/ou com querer tocar a pessoa de certo modo. Ou seja, seriam centralizadas em volta de querer interagir com o corpo da outra pessoa.
Atração sexual (achar uma pessoa gostosa e/ou querer fazer sexo com ela) seria um tipo de atração física.
Atração sensual/sensorial (querer trocar carinho com alguém, podendo incluir nisso beijar e agarrar ou não, dependendo da pessoa) também.
E acredito que atração estética (achar uma pessoa bonita e gostar de olhar pra ela) também caberia aqui.
Enquanto isso, atrações emocionais seriam as relacionadas com querer proximidade emocional, interações faladas/escritas e/ou relacionamentos compromissados com alguém. Ou seja, seriam centralizadas em volta de querer interagir com a mente da outra pessoa.
Atração romântica, platônica e queerplatônica seriam assim atrações emocionais.
(A postagem sobre atração alternativa que mencionei também explica o que é atração platônica e queerplatônica, caso alguém tenha interesse em saber.)
O único problema que eu vejo em ver estas divisões como universais é que, assim como os tipos de atração em si, estas coisas não estão separadas para todo mundo.
Existe gente que vê coisas como beijar e andar de mãos dadas como parte de sua atração romântica, mesmo que sejam coisas físicas.
Atração alternativa é descrita como emocional, mas não vejo como não poderia ser uma mistura de atração sensual ou outra tipicamente física com platônica, queerplatônica ou outra tipicamente emocional.
Mas até aí também existe um problema em classificar atração romântica, sexual, etc. como separações universais que sempre funcionam da mesma forma.
Muitas pessoas não conseguem separar sua atração romântica da sexual. Para outras pessoas, talvez sua atração romântica e atração sexual contenham também elementos diferentes de atração sensual.
É legal ter modelos mais simplificados que separem na medida do possível todos os tipos de atração, mas é também necessária a informação de que essas separações e experiências não são universais.
Cada pessoa deve decidir por si quais tipos de atração consegue ou não sentir ou separar, quais são os tipos de atração que mais pesam em suas experiências, e quais rótulos de orientação vai usar baseando-se nisso. É também possível cunhar novas palavras para descrever tipos de atrações que não estejam sendo bem descritos pelos rótulos atuais.
No momento, não vejo mais dano em descrever atrações/orientações como físicas e/ou emocionais do que em dizer que atração sexual, romântica, platônica, estética, sensual/sensorial e alternativa são diferentes entre si. Estas categorias podem não ser úteis para todo mundo, mas para muita gente elas são.
Assim, ao invés de usar termos como "orientação sexual e/ou afetiva", podemos usar "orientações físicas e/ou emocionais relevantes". Caso haja a necessidade, exemplos de orientações diferentes podem ser dados (como assexual, gay, heterorromântique, bialternative, feminamórique, etc).
Dou esta sugestão porque, para algumas pessoas, é importante não dizer só orientação ou orientações. Porém, o uso de orientação sexual, de orientação sexual e romântica ou de orientação sexual e afetiva é excludente.
Talvez poucas pessoas, ou mesmo nenhuma pessoa, veja sua orientação estética ou de proteção como relevante a ponto de só se considerar heterodissidente por causa dela, ou a ponto de considerar que suas orientações destes tipos quebram as normas de atração da sociedade por si só.
Mas aroaces orientades consideram atrações além da sexual e da romântica relevante. Pessoas arromânticas de diversas orientações sexuais podem querer considerar sua atração queerplatônica ou alternativa relevante. Pessoas assexuais podem considerar atrações físicas além da sexual relevantes.
Não é o suficiente pensar que já são pessoas cuja orientação não pode ser descrita somente como hétero por serem assexuais/arromânticas, e que portanto outras orientações não precisam ser consideradas. Afinal, e quando se trata de incluir pessoas variorientadas em grupos baseados em ser lésbique, bi, gay, multi, sáfique, aquileane?
Ao dizer que alguém precisa ser bissexual para estar em um evento bi, isso exclui pessoas que não conseguem se considerar bissexuais, mesmo que historicamente a palavra não fosse restrita a uma orientação exclusivamente sexual. Os tempos mudam. Homossexual já também não é mais uma palavra sinônima de LGBTQIAPN+, mesmo que um dia tenha sido.
Talvez orientações físicas e/ou emocionais relevantes não seja uma explicação ou um termo guarda-chuva ideal, mas ainda é melhor do que as outras alternativas que tentam explicar melhor o que consiste em orientação.
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